terça-feira, 15 de março de 2016

Sereia Negra - Vinícius Grossos



Terminei a leitura no domingo a noitinha e estive até agora digerindo a história da Inês. Fiquei completamente envolvida com todas as personagens, torcendo por Inês, Patrick, Lucil...

O enredo parece comum uma órfã de mãe, abandonada pelo pai, criada pelo avô rabugento em uma casinha na beira da praia. Uma garota que sofre bullying por ser negra e pobre... Algo familiar? Então em meio a tantas familiaridades algo realmente incomum acontece, uma tempestade sobrenatural chega avassaladora na praia abocanhando a areia rapidamente e deixando um rastro de solidão pelo caminho. Inês nota seu avô enterrado até as coxas no meio da areia com ondas cobrindo ele todo, ela tenta ajuda-lo e por mais que se esforce ela perde. O mar bravio ganha, levando Inês para o fundo solitário... Solitário? Nem tanto!

Inês é uma SEREIA, a única sereia negra da história, de beleza incomum, com cabelos black power e uma cauda translúcida negra que brilha como um diamante jogando luzes arroxeadas e azuladas para todo o lado. Ela é linda! É única! É a lenda viva que os seres aquáticos esperam há anos. Sua Salvadora: Inês, a Sereia Negra!

Neste momento, assustada, sozinha e triste com a perda do avô Inês quer apenas respostas, mas elas demoram a chegar e de início chegam pela metade. Muita coisa está encoberta e ela sai em uma busca frenética atrás de mais informação, é quando conhece Tristian, um tritão lindo de olhos, cabelos e cauda brancos como nuvens.

Como não bastasse Inês é forçada a se casar com Kelsen que é extremamente apaixonado por outra pessoa e Inês também está apaixonada por outro, um pescador de pele bronzeada e ombros largos com um sorriso devastador que faz Inês sentir sensações até então desconhecidas para ela. Ai ai estes pescadores de camisas surradas e calças claras...

O livro me encantou por assim dizer. Mergulhei fundo com a Inês e pude ver pelos olhos dela o mundo mágico e hospitaleiro que é Atlanta. Conheci Lucil o golfinho brincalhão, Zeyus o Rei dos Mares, sua esposa a fria e distante Madynah, Boncé a princesinha e tantos outros.

Sereia Negra fala de preconceito, amor e reconciliação. Nos mostra como as pessoas podem ser cruéis pelo simples fato de uma pele ser de coloração diferente, de cabelos que não seguem os padrões de beleza e de quem possui mais posses.

Fala de amor em toda a sua essência, sentimento este tão banalizado atualmente em nossa sociedade. Fala de perdas, grandes perdas estas que mesmo o tempo sendo implacável ainda está recente e fresca na memória.

Nesta mesma história encontramos o perdão, o início de um novo ciclo e uma segunda chance para brilhar ainda mais, porque além de ser a única sereia “diferente” Inês é única pela bondade escondida em seu coração tão machucado por xingamentos e por ódio gratuito sem necessidade.

Ódio, inveja e vingança são venenos para a alma que é pura, simples e doce, nunca uma pessoa pura de coração fará algo para humilhar o outro, muito pelo contrário, fará algo para ajudar e engrandecê-lo, porque ajudar o próximo é mágico.

Infelizes e humilhados são os que humilham, fazer piadinhas de etnias, gêneros e nacionalidades é algo tão ínfimo que só uma pessoa ignorante de espírito é capaz de fazer e achar graça.

Sereia Negra veio para colocar um pouco de entendimento nestes pobres seres que se acham superiores aos demais.

Vinícius você foi incrível, bem que você me falou que era bem diferente, agora estou super ansiosa para ler “O garoto quase atropelado”.

Enfim, Sereia Negra é um livro para ler com os olhos do coração, imaginar, sonhar e querer um mundo mais humano, com menos preconceito e mais amor.

Ficaram curiosos para descobrir como Inês se tornou a salvadora que os seres aquáticos tanto esperavam? E o Patrick? Será que Inês conseguiu ficar com ele, mesmo sendo casada com um tritão de linhagem pura? E Tristian? O que será que aconteceu com ele?

São tantos acontecimentos que você não vai conseguir desgrudar os olhos até chegar na última página. Corra e dê um mergulho com a Inês nestas águas profundas...


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